Sobre ser criança

No mundo adulto perdemos o que de mais belo existe numa criança: a imaginação. Isso acontece porque depois de adultos temos vergonha de brincar, correr, desenhar, se sujar, comer com as mãos e lamber os dedos. Temos vergonha também de ver desenhos animados e ler livros infantis.

Com exceção de correr, visto que meu joelho rebelde me impossibilita, não tenho vergonha de fazer e nem de admitir nada disso que citei. Passo horas vendo desenhos e morrendo de rir, rolo na grama e na terra e brinco sempre que posso. Livros infantis, nossa como eu gosto! E numa dessas minhas buscas e leituras de livros infantis, achei um que em sua simplicidade me tocou. 

 “A Cartilha do Amigo”, de Betty Milan e ilustração de Daniel Kondo.

“O amigo ilumina. Porque ele vê e ouve o que você não consegue ver nem ouvir. Ele faz por você o que você não pode fazer sozinho. O amigo é um anjo da guarda. Porque ele quer estar ao seu lado para indicar o caminho quando você se perde. O amor dos amigos nunca é de agora. Porque não depende de nenhum interesse. O amor dos amigos é para sempre. O amigo não sabe por que ele é amigo. Porque a amizade nasce do coração e “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. O amigo quer contentar o amigo. Porque assim ele também se alegra. A amizade é uma fonte contínua de alegria. O amigo tem como vocação a paz. Porque ele não fala para ganhar. Acha melhor empatar do que vencer. O amigo é generoso. Porque ele quer que o outro faça o que precisa para ser feliz. Um bom amigo não exige do outro que esteja sempre livre para brincar ou conversar, ele não é egoísta. O amigo é delicado. Porque ele gosta do outro como de si próprio.O amigo escuta o amigo. Por saber que o outro precisa ser ouvido para descobrir o caminho certo. O amigo ganha perdendo tempo com o amigo. Na amizade, o tempo que conta não é o do relógio, mas o da vida, que os amigos ganham quando estão juntos.”

Peço desculpas pela ousadia, mas aqui vai o conselho de uma adulta que se permite ser criança: Não comprem livros de autoajuda, de progredir na carreira, de ganhar dinheiro, de ter casamentos felizes. Passem longe dessas prateleiras. Em vez disso comprem e leiam livros infantis, os conselhos e a capacidade de imaginar que esses livros nos proporcionam valem mais que qualquer autoajuda.

Criado em: 30/01/2013